A ausência do tradicional trio Expresso 2222, liderado por Gilberto Gil, no carnaval deste ano já deixou muitos foliões que ficam na pipoca (lado de fora dos blocos) chorosos antes mesmo da folia começar. No entanto, Preta Gil, filha do cantor, teve uma idéia para não deixar os fãs do bloco na mão: criar no camarote homônimo, no circuito Barra-Ondina, o projeto Varanda Elétrica.
"A Varanda vem para substituir tudo isso. Podemos também chamar o projeto de Palco Expresso, Trio Parado... o importante é a gente doar. Isso aqui vai virar uma muvuca, vai fazer trânsito de trio elétrico", conta Preta, durante a visita, pela primeira vez, ao camarote, ainda em obras.
Na Varanda, Preta vai apresentar o seu show "Noite Preta" na terça-feira, 24. Na sexta-feira, 20, e no domingo, 22, ela estará, representando Iemanjá, no desfile do Cortejo Afro. Desde janeiro, Preta é uma das cantoras do bloco. "É engraçado, no Cortejo eu sou outra pessoa, assimilo outros valores da minha personalidade", revela ela, que recentemente teve seu pedido para sair com o bloco "A coisa tá Preta", no Rio, negado. Confira abaixo a entrevista.
EGO: Você dá palpites no camarote? Acompanha as obras?
PRETA GIL: A Flora (Gil, mulher de seu pai, Gilberto Gil) que toma conta de tudo. A gente sempre vem no carnaval, mas quem acompanha tudo de perto é meu pai. Ele é quase um mestre de obras. Ele diz o que está bom, ruim... Eu acho tudo bom, ainda mais agora que está tudo idealizado. Mas a idéia da Varanda Elétrica foi minha.
EGO: O que você acha da ausência de seu pai no trio do Expresso 2222?
Essa é uma pergunta boa para fazer para ele (risos). O que eu sei é que ele está vindo de uma turnê muito pesada, a Banda Larga, e queria estar mais disponível no carnaval para receber os convidados com a Flora aqui no Expresso. Acho que é momentâneo. Mas entendo ele querer essas férias. Só o camarote dá o maior trabalhão. O Expresso é ele. Já estive do lado dele no trio em diversas vezes e também já cantei sozinha, fiz backing vocal. Por ele não fazer o Expresso fiquei mal. Vi a reação do povo, acho que a gente perde muito em não ter o trio porque ele recebe de braços abertos todos os estilos musicais.
EGO: E como será a Varanda Elétrica?
A Varanda vem para substituir tudo isso. O folião-pipoca vai poder curtir o Moinho, a Terra Brasilis, que é uma banda de samba, o grupo Varanda Elétrica, do Carlinhos Brown, e também vou cantar. Foi Carlinhos quem emprestou – com o maior carinho – o nome para gente. Podemos também chamar o projeto de Palco Expresso, Trio Parado... o importante é a gente doar. Isso aqui vai virar uma muvuca, vai fazer trânsito de trio elétrico.
EGO: Como os seus shows sempre têm um convidado diferente, no da Varanda terá algum?
No meu show de terça, convidei alguns amigos e vamos ver quem aparece. Vou fazer o Noite Preta aqui. A Varanda é um espaço para que todos os artistas que não estão necessariamente no palco também possam dar sua canja, brincar. Não existe um nome certo. É um espaço aberto para quem quer talento e quer dividir a alegria com a gente.
EGO: Você agora é uma das cantoras do Cortejo Afro. Como você recebeu esse convite?
Foi uma grande emoção. O bloco já tem 10 anos e era fã incondicional do Roberto Pitta (artista plástico e mentor do bloco). E ele me fez o convite junto com o Rodrigo Pitta (diretor do Cortejo e primo de Roberto) para fazer essa performance. Fiquei muito honrada e aceitei com muita humildade. Foram três semanas de ensaio e o público me recebeu com muito carinho. É engraçado, no Cortejo eu sou outra pessoa, assimilo outros valores da minha personalidade. O Cortejo envolve as artes plásticas, a dança, a música e, principalmente, a reafirmação da negritude artística. Pretendo continuar.
EGO: Como será a sua fantasia?
Domingo, que é a grande performance, vai ser bem bonito. Terá balé, coreografias, alas... são 2.500 pessoas falando sobre as águas. A grande pergunta é: 'Você tem sede de quê?'. A minha fantasia tem a ver com Iemanjá e Oxum, evocando as grandes deusas africanas e do candomblé que representam as águas, doce e salgada, respectivamente.
EGO: O que você achou da decisão da prefeitura do Rio de Janeiro de não autorizar a saída de seu bloco "A coisa tá Preta?"
Fiquei triste, mas não foi uma grande surpresa. Tenho a consciência que tive a idéia muito tarde, no Réveillon. A gente entrou com o pedido na prefeitura muito em cima da hora. Existe uma série de blocos no Rio e uma necessidade muito grande de organizá-los. A cidade pode fazer um carnaval de rua organizado como Salvador e Recife. No domingo (15), quando pedi para o meu bloco sair, já tinham vários. Agora teremos um ano inteiro para organizar, e para que a prefeitura diga qual será o melhor dia para sairmos. A idéia não é levar o caos e a desordem e sim a alegria e a diversão para o folião. Afinal de contas, o Sambódromo não é para todos. Ano que vem queremos fazer "A coisa está Preta" em Salvador. Começaremos os ensaios em dezembro para colocarmos o bloco na rua também em Salvador.
EGO
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