segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Dono do morro em 24 horas

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Quem vê Angelo Paes Leme distribuindo pipocos nas favelas de A Lei e o Crime, da Record, não imagina que o ator é, na verdade, um colecionador de discos de vinil, um amoroso marido, um violonista apaixonado por música. Sim, Angelo quase foi músico. Quase. Trocou as partituras pelo tablado e acabou indo parar na TV. Ou melhor, no morro.

Nando, o protagonista que Angelo tanto esperou, demorou, mas chegou "tocando o terror" na TV. Ao Estado, o ator fala sobre sua trajetória, paixões e sobre o personagem duas caras da vez, o rei do morro da nova aposta da Record.

Você já fez novela do Manoel Carlos, Carlos Lombardi, Walcyr Carrasco, Marcílio Moraes, dois filmes , teatro e agora está em um seriado policial da Record. Qual foi seu melhor momento como ator?
Acho que estou no momento de maior felicidade com o Nando, em A Lei e o Crime. Ele é um personagem complexo, cheio de contradições, humanamente profundo. Mas tiveram muitos trabalhos que foram muito bons, como História de Amor, Uga-Uga. Também gostei de fazer Chocolate com Pimenta, como o soldado Peixoto. Na Record, acho que os dois melhores momentos foram com Vidas Opostas e, agora, com o seriado. No cinema, Os Desafinados foi um marco, porque foi meu primeiro filme. Mas também foi ótimo fazer Meu Nome Não É Johnny e Muito Gelo e Dois Dedos D'Água.

Como foi sua transição da Globo para Record? Foi para lá achando que teria a oportunidade de fazer alguma coisa maior?
Tinha acabado de fazer dois filmes e estava nesse momento de paixão pelo cinema. Aí a Globo me chamou para fazer uma novela e recusei. Então, sete meses depois, apareceu um papel fantástico em Vidas Opostas, do Marcílio Moraes, e me interessei bastante. Depois de Vidas Opostas, surgiu Caminhos do Coração e o seriado. Tudo fruto de uma parceria que criei com o Avancini (Alexandre, diretor de novelas da Record).

Qual foi sua reação quando recebeu o convite pra fazer 'A Lei e o Crime'?
Fiquei muito feliz, porque já tinha feito minissérie na Globo. Mas agora fui convidado para fazer um protagonista, esse personagem maravilhoso nessa série, que é um novo formato em que a Record está apostando e em que acredito muito.

Você chegou a dizer à imprensa que se considerava pronto para viver um protagonista e que achava que isso era uma questão de tempo. Agora que você está vivendo um, o que mudou?
Acho que não mudou nada. O que eu disse há alguns anos é que sempre estive atrás de bons papéis. É óbvio que a gente tem vontade de assumir um bom personagem, que seja a força motriz da história, que ocupe um espaço de ações principais. Mas isso nunca me fez perder o sono. Às vezes, um personagem coadjuvante é melhor do que um protagonista.

Como você justifica a maldade do Nando? Acredita que ela seja um vilão?
Acho que o seriado aponta para outra direção, ele humaniza mais os personagens. Não estamos falando simplesmente se é mau ou bom, não existe apenas vilania e heroísmo. Há pessoas que têm uma vida diferente, com seus problemas, frustrações, angústias.

Como você se preparou para viver esse personagem?
O meu envolvimento é primeiro de leituras específicas, vi filmes, revi outros. Mas o Nando requer um treinamento físico, porque ele é um cara de ação. Além disso, tive de aperfeiçoar o manuseio com armas, porque ele atira muito bem. Mas para me preparar, sempre me pergunto: "Quem é esse homem? Quem é esse cara que estou sendo agora?"

Você leva o personagem pra casa?
Existe uma maneira de você deixar de lado esse personagem com quem você está envolvido o dia inteiro. Eu tenho uma vida suave, com minha mulher, com a minha casa e isso me traz harmonia e paz. O que é inevitável levar é o cansaço, mas isso faz parte.

Qual foi a cena que mais te marcou na série?
Foram várias, mas achei particularmente difícil e forte a cena em que ele diz à mulher que matou o pai dela.

Como está sendo a reação do público?
Quando as pessoas vêm falar comigo, sinto que estão felizes com o que estão vendo.

Acha que a série tem excesso de violência?
Acho que não é uma violência sem propósito. A violência existe, está no dia-a-dia, na nossa história, e estamos retratando a história da milícia e do tráfico de uma maneira realista. Não estamos fazendo um espetáculo da violência.

O que você ainda tem vontade de fazer como ator?
Muita coisa, em especial, muito cinema. Sou apaixonado por cinema. Ainda tenho vontade de fazer muitos papéis diferentes e muita coisa em teatro também.


Estadão

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