terça-feira, 24 de março de 2009

Tiago Santiago altera 'Mutantes' para atrair público

Até Tiago Santiago se cansou de seus seres geneticamente transformados. O autor apostou nas lutas fantasiosas entre mutantes do bem e do mal durante quase dois anos, mas pretende encerrar sua trilogia Caminhos do Coração de um jeito mais realista.

Em Promessas de Amor, novela que estréia nesta terça, na Record, situações típicas dos folhetins clássicos das 21 horas são o ponto forte.

Como os mocinhos que são separados até o fim por antagonistas, mal-entendidos e traições. "Constatamos que uma parcela de jovens que gostaria de acompanhar nossa história não podia porque os pais mudavam de canal ao se depararem com mutações e seres de outros planetas", lamenta Santiago.

E, apesar de a emissora apostar em uma quarta temporada, o autor garante que não participará dessa idéia. "Podem colocar outra pessoa escrevendo, mas eu não pego. Quero terminar no auge", exagera ele, que conseguiu média geral de 15 pontos com a primeira temporada e 14, na segunda.

Depois de quase dois anos investindo em mutantes, você agora aposta em uma história com uma abertura maior a tramas naturalistas. Por quê?

Existe uma tradição no horário das 21 horas de novelas com romances fortes, mais clássicas, que abordam temas ditados como sérios. Que, inclusive, abrem mais espaço para explorar assuntos como a responsabilidade social e outros mais humanos mesmo. Foi uma decisão minha, bem pensada, para tentar aumentar a média geral atual, de 14 pontos, que já é a maior do horário na emissora e apenas um ponto abaixo da que tínhamos na faixa das 22 horas.

Você se decepcionou com a rejeição à trama dos mutantes?

Não. Na verdade, de acordo com as pesquisas de opinião da emissora, o público que assiste adora a história. O problema é atrair os que não assistem. Constatamos um comportamento que causou preocupação: vários adolescentes e crianças queriam ligar a tevê para nos ver, mas os pais não queriam porque preferiam os folhetins clássicos, sem tantos aspectos fantasiosos. Então concebemos uma história que, para quem nunca assistiu a Caminhos do Coração ou a Os Mutantes, vai ser bem distante da idéia que tinham, e que vai agradar também aos seguidores, porque ainda conta com personagens mutantes.

A que você atribui essa rejeição?

Penso que seja uma questão de hábito mesmo. Mas existe a possibilidade de algumas pessoas não terem entendido a mensagem da novela. Falar de mutações genéticas, de DNA, não é fácil. Mas tivemos três fatores que atrapalharam o crescimento do Ibope. Primeiro, as Olimpíadas, monopólio da concorrência. Junto com isso, as férias do meio do ano. E, por último, o relançamento de uma novela, com chamadas em todos os programas da Globo, para revelar a vilã de uma hora para outra. Sofremos mais no último mês de A Favorita, mas depois voltou ao normal.

Você decidiu mudar os rumos na terceira temporada na mesma época em que começou a divulgação de Caminho das Índias. Concorrer com uma novela que aborda questões culturais de outro país e que poderiam não ser entendidas pelo público também favoreceu sua decisão por um formato mais clássico?

Claro que a gente trabalha em cima de estratégias muito bem pensadas. A Globo viu os números do último mês de A Favorita e achou que estava tudo garantido. Mas não estava. Só que não tenho uma vírgula para falar do trabalho da Glória Perez. É uma autora experiente e muito competente, uma das melhores de hoje em dia.

Além de autor, você é consultor de teledramaturgia da Record. Você ainda interfere nas histórias dos outros autores da emissora, como aconteceu com a sinopse de Lauro César Muniz?

Eu nunca interferi. Tenho um contrato para prestar esse serviço de consultoria, mas não bato o martelo. A emissora me consulta e eu faço observações. Ajudei a fazer a ponte entre o Lauro e a Record para a sua contratação, jamais o criticaria profissionalmente. Mas entendo que ele possa ter ficado melindrado ao discutir sua novela com um autor 25 anos mais jovem. No final, ele assumiu um compromisso com a emissora de ter pelo menos um personagem que possa ser visto pelo público como um herói. Trabalhamos na mesma empresa. O sucesso dele aumenta as minhas possibilidades de sucesso, não tenho motivos para não torcer por seu êxito em Poder Paralelo.

Diversão Terra

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