quarta-feira, 8 de julho de 2009

"As pessoas estão venerando os vilões", diz Renata Dominguez, a mocinha de "Promessas de Amor"

Renata Dominguez é do tipo "atriz visceral". "Meu trabalho de composição é muito particular. Faço terapia e desenho uma personalidade para cada papel meu", valoriza. Não à toa, ela não se limitou a enxergar a romântica Sofia de "Promessas de Amor" apenas como uma insossa mocinha.
A atriz Renata Domingues, que após ser sondada para viver a protagonista de "Bela, a Feia" foi escalada pela emissora para atual em "Promessas de Amor"

Ainda mais depois de ter aprontado todas na pele de Valquíria, vilã de "Amor e Intrigas". "A mocinha sempre sofre muito. A Valquíria era mais divertida, ousada e sensual", reconhece. Por isso mesmo, a atriz de 29 anos ateve-se ao texto e resolveu apostar nas inúmeras transformações da professora ao longo da trama. "A cada problema que a trama impõe, ela cresce. E, como existem muitos conflitos, a história dela está sempre movimentada. Todo herói tem de passar por essas transformações", avalia.

Na história -cuja proposta inicial era aumentar a "cara" de folhetim e diminuir o núcleo dos mutantes-, Sofia é uma sonhadora professora de uma escola de mutantes. No início, ela nem desconfiava dos poderes sobrenaturais de seus alunos. Mas como a trama permanece tão ou mais dedicada aos seres extraordinários, a heroína em breve terá até de lutar -com espada e tudo- para não se tornar uma vampira.

Ao mesmo tempo, ela tem de correr atrás para descobrir os responsáveis pelo sumiço de Amadeus, seu grande amor, vivido por Luciano Szafir. "No começo ela é emocionalmente muito frágil, mas agora está cada vez mais forte", compara a atriz, que após ser sondada para viver a protagonista de "Bela, a Feia", foi escalada para atuar na trama de Tiago Santiago. "É a primeira vez que sou a protagonista dele. O convite foi especial, não pude recusar, embora a Bela fosse bem-vinda. Eu teria de me enfeiar muito... Quem for fazer que se prepare", diverte-se ela, sobre o papel que ficou com Giselle Itié.

Você nunca negou que prefere as vilãs. Como é voltar a viver uma mocinha clássica de folhetins?

Eu me divirto mais fazendo a vilã, e a Valquíria foi um papel muito forte na minha carreira. Foi difícil, mas ela me deu um empurrão dentro e fora da emissora. Agora é diferente, é o oposto daquilo. A Sofia é frágil e, como boa moça, sofre muito. A mocinha é previsível, tem uma trajetória linear. Minha função é dar as nuances e diferenciar os papéis.

Mesmo com a séria tendência folhetinesca a tornar as heroínas "chatas" com tanta perfeição?

De uma maneira geral, as pessoas estão venerando os vilões. Existe uma inversão de valores. Acho que a vida está tão difícil que, quando o povo vê alguém que se dá bem... É difícil o público comprar personagens boas, frágeis. As pessoas vivem em alerta, sempre com um pé atrás, sem confiar. O vilão dribla as dificuldades e se dá bem. Para mim, isso é muito louco. É uma inversão de valores muito forte.

O Tiago Santiago, autor de "Promessas de Amor", está há três novelas apostando na fórmula da mutação. O que você acha desse tipo de trama?

Ele é a pessoa mais presente na minha carreira. Ele me conhece mais profissionalmente que o meu namorado (o diretor Edson Spinello). Entrei em "Malhação" quando ele escrevia, fiz a peça "Quatro Amores", que era dele. Foi ele quem me indicou para o Herval Rossano para "A Escrava Isaura", e para a Cecília de "Bicho do Mato". "Prova de Amor", embora ele não tenha participado, me incentivou a pegar a personagem. Admiro muito o Tiago. Poucos têm a ousadia dele na TV. Graças a ele pude pegar papéis diferentes, únicos, e estou tendo novamente esta chance. É a primeira protagonista dele que eu faço.

Uol Televisão

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